Desde o início do Séc. XXI a cidade de Marechal Floriano, antes uma pacata cidadezinha do interior, passou a experimentar uma profunda transformação no seu perfil demográfico e nas suas características sociais. A implantação de grandes projetos como a indústria Oi Frango, grandes plantios de eucalipto e café que atraem muita mão de obra sazonal, o supermercado atacadista Super Top e outros investimentos, que se por uma parte ofereceram muitas vagas de trabalho, por outro lado importaram muita mão de obra das periferias da Grande Vitória, de estados vizinhos como Minas gerais, Bahia e Rio de Janeiro e até de outros países como a Venezuela. Essa explosão populacional, que o Censo 2022 do IBGE identificou, desvelaram o profundo déficit habitacional que existe no município e sua causa mais imediata: o aumento nos alugueis residenciais.
Monitoramos as redes sociais e grupos de Whatsapp que tratam do assunto alugueis na região e descobrimos que uma habitação singela, com um quarto e banheiro, pode chegar a ter aluguel de R$ 1.000,00 na cidade, e mesmo assim é muito difícil a locação. Outro problema identificado foi a qualidade dos imóveis, uma vez que puderam ser identificadas reclamações recorrentes sobre imóveis de estrutura precária.
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A troca de mensagens mostra o espanto das pessoas com os valores de aluguel |
"Apesar de toda essa falta de imóveis para alugar e desses valores absurdos de aluguel em Marechal, parece que as administrações municipais ainda não se atentaram para o tema e pouco ou nada têm produzido em termos de políticas sociais de habitação . E o maior indício disto é a inexistência, na estrutura administrativa do executivo, de uma secretaria ou setor para cuidar de habitação, nem para estruturar projetos para adesão a programas como o "Minha Casa Minha Vida, que eles podiam estar correndo atrás pra trazer para Marechal", criticou D.R, 34, moradora da Rua Delimar Schunk, que veio de Guarapari para o marido trabalhar em uma indústria da região e vive de aluguel.
O Historiador Valmere Klippel Santana pontua, entretanto, que a questão habitacional no município é um problema setorial, ponderando que a cidade não enfrenta a famosa "armadilha populacional", um vez que o IBGE aponta um crescimento do PIB per capita superior a 100% entre 2010 e 2022, enquanto a população cresceu pouco mais de 20% nesse mesmo período. "Isto quer dizer que o problema habitacional, que apareceu com o aumento populacional, não é algo que não se possa enfrentar, já que o dinamismo econômico produzido com o incremento populacional foi muito maior que este e gerou riqueza proporcionalmente muito maior", completou o historiador.
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